domingo, 9 de outubro de 2016

As Dificuldades de Aprendizagem na Educação Infantil

As dificuldades de aprendizagem que aparecem precocemente em crianças, muitas vezes são tratadas pela família e a escola como algo que vai passar. Isto nem sempre acontece, na maioria das vezes estas dificuldades de aprendizagem podem estar ligadas a um transtorno do desenvolvimento e irão acompanhar a criança na escola regular.

Imaturidade não é a única causa de tais transtornos, uma avaliação cuidadosa realizada por um profissional especializado é o mais indicado, desde o momento em que alguma dificuldade se manifeste, independente da idade. Uma observação de extrema importância; não devemos esperar que a criança resolva sozinha acreditando que cada um tem seu tempo. Em muitos casos estamos perdendo tempo para estimular e tratar adequadamente. Por isso a importância de conhecer as fases do desenvolvimento infantil.

Especialistas em educação afirmam - Crianças que apresentam dificuldades em acompanhar o ritmo da sua turma na aquisição de novas habilidades básicas, estão mais propensas em apresentar problemas nas diferentes áreas nos anos escolares futuros, manifestando-se na área cognitiva, social e emocional.

Cabe ao professor na Educação Infantil estar atento nestas primeiras experiências da criança. O desempenho escolar está iniciando e lacunas não deverão acompanhá-la. Caso contrário, a criança começa a formar uma baixa autoestima, medo ou resistência para enfrentar as dificuldades, desistir da busca pelo novo, da curiosidade e a demonstrar pouco prazer em aprender.

A criança pequena ainda não verbaliza os seus sentimentos, os sintomas poderão manifestar-se de diferentes formas. Ela pode tornar-se ansiosa, agressiva, isolar-se, não dormir bem, apresentar condutas regressivas, como urinar na cama, roer unha, morder, chorar por qualquer coisa, etc. Algumas se dizem cansadas e dores imaginárias aparecem ou irritação constante. Estão sempre frustradas e insatisfeitas.

A criança saudável demonstra muita curiosidade. Cabe ao professor dirigir um olhar de investigação para aquela criança que não se interessa pelas novidades. Muitas vezes mesmo se esforçando a criança não consegue acompanhar o ritmo de seus coleguinhas na aprendizagem.

A escola deverá em conjunto com a família buscar meios de ajudar, visto que nesta faixa etária sua identidade está em formação.

Em fase inicial de aprendizagem, a criança ser mal sucedida pode ser alvo de críticas e cobranças constantes por parte da família e até mesmo da escola. O contrário deve acontecer. Deve ser estimulada para vencer suas dificuldades e valorizada em suas conquistas sempre respeitando suas produções.

A criança que apresenta dificuldades passa a acreditar que é diferente dos demais por não conseguir bons resultados. Apesar de seus esforços tenderá a se achar menos capacitada e cada vez investe menos na aprendizagem que passa a ser algo que não lhe traz prazer e sim sofrimento.

Cabe aos profissionais da Educação Infantil o olhar específico para o desenvolvimento da criança. É indispensável, conhecer as características das faixas etárias. É através de observações diárias, de jogos e brincadeiras, de comportamentos manifestos da criança que o adulto estimula e acompanha o desempenho para em caso de necessidade poder solicitar à família uma avaliação de um especialista.

Afastar desde cedo problemas significativos de aprendizagem que poderão prejudicar seu desenvolvimento colaborando para o insucesso não só na vida escolar como na vida pessoal desta criança é responsabilidade da família e de todos os profissionais da educação que acompanham a criança.

Sandra H. Pio – Psicopedagoga
Psicopedagoga Reg.MEC 7526 Porto Alegre

sandra@sulmail.com

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Professor pode saber conteúdo, mas não aprende a ensinar, diz educadora

Se a sociedade brasileira deseja mais qualidade em educação, a formação dos nossos professores precisa ser debatida. Essa é a opinião da educadora Guiomar Namo de Mello, diretora da EBRAP (Escola Brasileira de Professores) e uma das palestrantes da Bett Brasil Educar 2016, evento que ocorre em São Paulo nesta semana.

Segundo a educadora, formada pela USP e com pós-doutorado em Londres, o professor brasileiro precisa de orientação e de uma formação melhor, já que, na média, ele não tem um grande domínio do conteúdo que tem de ser ensinado e, muito menos, da maneira como esse assunto deve ser transmitido.

"Não temos um prêmio Nobel em cada sala de aula lecionando. O nosso professor, infelizmente, tem uma formação que deixa muito a desejar. Além de saber o conteúdo, o professor tem de dominar a pedagogia desse conteúdo", afirmou. "Fazer a passagem daquilo que o professor aprendeu para aquilo que ele vai ensinar exige esforço, conceituação e uma prática que você só vai forjando com a experiência", completou.

Professor não aprende a ensinar

Um dos principais problemas da formação de professores no Brasil é que não há especialista em didática de disciplina. Quem leciona matemática, por exemplo, passou um grande treinamento, na faculdade, de matemática. No entanto, não necessariamente esse profissional aprendeu a ensinar matemática para outras pessoas.

"O Brasil não tem pós-graduação sobre o ensino das coisas. Não possui professores que ensinem a ensinar", disse. "Como a matemática tem que ser ensinada nas escolas? Como a do engenheiro? Essa pergunta não é trivial. Na verdade, a sociedade tem desprezo pelo ato de ensinar que é complexo e nobre", completou.

Outro grave problema é a falta de domínio do conteúdo de alguns docentes.
Para Guiomar, os professores de 1º a 5º ano precisam também ter mais aulas do conteúdo que ensinam.

"Tem muito aluno de pedagogia, que vai se tornar professor, que entra na faculdade sem dominar português e matemática. Esse estudante não tem preparo técnico e não sabe nada", disparou a educadora.
Base Nacional Comum Curricular

Recentemente, o governo federal, ainda sob o comando da presidente Dilma Rousseff, apresentou a segunda versão da Base Nacional Comum Curricular. Esse currículo tem como meta preparar conteúdos mínimos para serem ministrados a alunos de todo o país e, com isso, reduzir as desigualdades de ensino.

Apesar de apoiar a ideia, Guiomar faz muitas críticas à maneira como vem sendo implantada.

"Discutir currículo talvez seja a coisa mais complexa na educação, pois estamos trabalhando em um campo de hegemonia ideológica. Além disso, ninguém no Brasil tem experiência de construção curricular sólida. Nos EUA, por exemplo, a construção de uma base curricular comum foi uma história longa e muito tumultuada", contou.

"O MEC resolveu fazer a base nacional no tempo político e não pedagógico e estabeleceu prazos que não são certos. A primeira versão saiu ruim, sem um preparo sério pra isso. Na segunda versão muita coisa mudou, mas ainda faltam outras tantas. Existe um tom de currículo como bandeira política e ideológica", acrescentou.

Fonte: UOL