quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Dificuldades de Aprendizagem

A influência dos pais é importante para criar hábitos como a leitura, por exemplo? De que forma?

Sim, as crianças aprendem pelo modelo. Se os pais são leitores assíduos, lêem por prazer e discutem as informações com a criança estão passando para ela que ler é importante, traz informações e novidades. Oportunizar visitas em livrarias possibilitando que a criança escolha um livrinho que lhe interesse, dentro de sua faixa etária, é uma boa técnica para despertar o interesse pela leitura. Esses pais estarão ensinando a criança a formar hábitos de leitura. É também importante que os pais se interessem pela leitura da criança, conversem, interroguem, é um bom exercício de interpretação e compreensão.

Quais são os principais sinais que indicam problemas na aprendizagem?

Desde muito cedo poderemos detectar que existem problemas de aprendizagem. Na maioria dos casos vai “aparecer” quando a criança ingressa na escola de ensino regular, mas se a criança frequenta pré-escola as dificuldades já podem ser evidentes ou se a família está atenta também observa suas limitações. Existe uma falsa ideia de que ela é imatura e que o tempo vai ajudar. Acredito que quanto maior o tempo de espera para buscar um profissional especializado, maior sofrimento para a criança e a dificuldade tende a aumentar. Os principais sintomas são os atrasos no desenvolvimento que se observa na criança em comparação com todos de sua faixa etária. Por exemplo, uma criança com dois anos que não fala, uma criança de cinco anos com dificuldades motoras, uma criança de seis anos que não reconheça letras que não conheça os números, etc. A criança nos indica de formas diversas, mas o olhar do professor deve ser de perceber as dificuldades. O professor não necessariamente vai precisar tratar a dificuldade basta avaliar que esta criança precisa ser acompanhada por um especialista em casos mais severos. Um alerta importante, a criança quietinha, que não incomoda e que não termina a tarefa junto com a turma, ela não é “preguiçosa” ela pode estar enfrentando alguma dificuldade.

Como detectar as causas que desencadeiam tais problemas?

Na escola, os professores devem ter conhecimento das características das faixas etárias. Se a criança não está respondendo aos estímulos adequadamente, uma avaliação médica, psicológica, psicopedagógica ou fonoaudiológica deve ser solicitada. As causas são muitas, cada caso é um. Podem ser dificuldades de causas variadas, de ordem neurológica ou emocional. Só mesmo uma avaliação especializada poderá detectar uma dificuldade ou atraso. A família é fundamental, se os pais estão dispostos a enfrentar juntos a dificuldade, provavelmente a criança será a maior beneficiada neste processo.

Envelhecimento dos Pais

Que tipo de prejuízo os pais que não sabem envelhecer causam aos filhos?

Eu não diria o que é saber envelhecer. Cada um envelhece de acordo com o tipo de vida que sempre levou. Pessoas bem resolvidas, que administram suas vidas afetiva e financeiramente de maneira saudável, terão se planejado para uma velhice mais tranquila. Já os pais que sempre foram desorganizados terão dificuldades na velhice. Portanto acredito que estes filhos então adultos já conhecem o comportamento de seus pais e saberão lidar com cada um. Não será a velhice que vai trazer prejuízos.

Qual é a melhor forma de enfrentar a realidade do envelhecer encarada no crescimento dos filhos?

Enfrentar o envelhecimento é enfrentar a vida. Ter objetivos, planejamento e autoestima. Acreditar que a vida nos apresenta fases e vivê-las da melhor maneira, trabalhando, cuidando da vida afetiva, vivendo bons momentos de lazer e aceitando as etapas e suas características. Temos que saber aproveitar as oportunidades sempre. E elas aparecem independente da idade. Os filhos crescem e nós crescemos junto com eles.


É comum, atualmente, os pais não lidarem bem com o envelhecimento? Por quê?

Eu acredito que as pessoas estão lidando muito bem com o envelhecimento, nunca vi e ouvi tanta gente madura lidando bem com o envelhecimento. As pessoas trabalham mais, estudam, se casam novamente, viajam. Cognitivamente os velhos estão mais ativos e fisicamente também, as academias, os parques mostram o número de pessoas mais velhas em atividade.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Conversando sobre Inclusão Escolar

Pergunta 1 - Como o professor deve estabelecer a relação em sala de aula com criança com TEA?

Sandra - O professor deve procurar tratar a criança da mesma maneira que trata as demais. Caso contrário a Inclusão estará prejudicada. A principal condição para uma boa relação professor – aluno é a aceitação. Numa sala de aula nenhuma criança é igual à outra ou aprende do mesmo jeito, cada um tem suas habilidades e dificuldades. Claro que em alguns casos o professor vai precisar de um olhar mais atento, técnico para atender a necessidade daquele aluno. Algumas situações como; ajudar na organização dos materiais, na data, nos temas, na realização de alguma tarefa, são meios do professor se relacionar individualmente que propiciam um vínculo de confiança necessário para a aprendizagem. O ideal é que com o passar do ano letivo o aluno posso integrar-se no ritmo da turma. Sabe-se que com alunos TEA, dependendo do caso, a necessidade de um mediador é fundamental.


Pergunta 2 - E com outras crianças que também apresentem alterações neurológicas?

Sandra - Penso que a relação professor – aluno deve acontecer baseada no afeto, na aceitação do “diferente”, no compromisso de atender as necessidades da criança dentro de suas possibilidades, seja qual for a dificuldade, síndrome ou deficiência. O professor tem que planejar a partir da realidade da turma e muitas vezes, no caso da Inclusão, atendendo individualmente a criança através de um Plano Individualizado que contemple suas habilidades.


Pergunta 3 - Como os pais dessas crianças devem se relacionar com os professores dos seus filhos?

Sandra - Esta pergunta é bastante difícil nos dias de hoje. Esta relação tem que ser bem construída, com ética, conhecimento e respeito. O ideal é que seja uma troca diária de confiança e responsabilidades da forma mais verdadeira possível.


Pergunta 4 - Como esses pais devem participar das atividades escolares?

Sandra - Os pais devem participar como todos os outros, nos momentos que a escola solicita sua participação ou presença. Acredito na Inclusão quando a escola coloca o aluno deficiente no mesmo patamar dos demais. Se os pais exigirem além do que a escola oferece para todos, deixa de ser Inclusão. Vejo muita escola excluindo em vez de incluir. Os pais no momento que contratam o serviço devem procurar conhecer e ler o Projeto Político Pedagógico, certificar-se se é uma escola que acredita e investe na Inclusão, se os professores têm formação necessária. Após este contato, com matrícula realizada devem atender e respeitar as regras com confiança. Lógico que observando as adaptações necessárias para a necessidade da criança; laudo médico em caso de necessidade de Plano Individual de Ensino e outros de acordo com o caso. Inclusão só acontece quando família e escola trabalham juntas com respeito e conhecimento para não prejudicar por falta ou excesso de cuidados.


Pergunta 5 - Como o professor conduz a mediação de conflitos entre alunos quando um deles é especial?

Sandra - É fundamental que os professores tenham conhecimento da deficiência do aluno, dos sintomas, das características e de métodos de manejo. Desde a Educação Infantil é extremamente importante trabalhar com os demais sobre as diferenças. Eu particularmente gosto muito de orientar professores e famílias usando uma frase “Ninguém é Igual a Ninguém” – faz bem para todos, deficientes ou não. No caso de um conflito, o professor deve mediar ouvindo os dois lados, não é porque o colega é deficiente que ele tem direito de desrespeitar o outro. O deficiente merece ser educado para ter boas maneiras, na escola e lá fora. Por vezes, o professor vai ter que falar individualmente com a criança típica e solicitar compreensão, respeito à dificuldade do colega e ensinar que ele demora mais para compreender por causa da deficiência. É importante o professor falar claramente, tratar com a verdade para que os colegas aprendam a respeitar e conhecer a dificuldade do outro. Mediar sempre, ouvindo os dois lados e de forma imparcial decidir com justiça.


Pergunta 6 - Como o professor lida com a indisciplina escolar de um aluno especial?

Sandra - O professor não pode permitir indisciplina na sala de aula tendo alunos de Inclusão ou não. A criança deficiente precisa de regras e limites como todos os outros. Por vezes o professor tem que ser mais repetitivo porque a criança por ter uma deficiência pode demorar mais a aprender. Em conversa com a família, com os especialistas, é indicado planejar meios de prevenção, no caso de acontecer, mostrar que não é aceito e retomar sempre que necessário. Temos que considerar que a criança vai crescer e vai precisar se inserir na sociedade. A escola é a instituição responsável junto com a família em prepará-la para a vida, de forma saudável, respeitando as regras, integrada e interagindo com os demais para se tornar um adulto feliz, com autonomia, dentro de suas condições.