quinta-feira, 11 de setembro de 2014

'Treinar' pais de criança autista reduz sintomas do transtorno

Pesquisa demonstrou eficácia de método que ensina os pais a estimular o desenvolvimento de bebês com sintomas de autismo

Em um novo estudo, pesquisadores concluíram que um determinado tratamento, aplicado nos primeiros anos de vida de um bebê com sinais de autismo, pode melhorar seu desenvolvimento e reduzir os sintomas do transtorno durante a infância. A terapia, no entanto, não é direcionada à criança, mas sim aos seus pais, que passam por uma espécie de treinamento para que estimulem a comunicação dos filhos.

O método testado pela pesquisa foi o Infant Start, desenvolvido na Universidade da Califórnia em Davis, Estados Unidos. Nele, pais de bebês com autismo aprendem formas de estimular a comunicação, a atenção, o aprendizado, a linguagem e a interação social dos filhos.

O estudo, publicado nesta terça-feira, contou com a participação de pais de sete crianças de 6 a 15 meses de vida que apresentavam sintomas relacionados ao autismo, como pouco contato visual, repetição de determinados movimentos e baixa disposição para a comunicação. Os pais, junto com os bebês, passaram por doze sessões de treinamento e, depois, foram acompanhados durante seis meses pelos pesquisadores para que continuassem seguindo o método corretamente.

As crianças voltaram a ser avaliadas dois e três anos após o início do estudo. O desenvolvimento delas foi comparado ao de outras com características diversas. Entre elas, crianças com autismo que só receberam tratamento após os três anos de idade e crianças sem o transtorno.

Segundo a pesquisa, seis das sete crianças que participaram do estudo chegaram aos três anos de idade com o desenvolvimento do aprendizado e da linguagem semelhante ao de crianças sem autismo. “A maioria das crianças com autismo nem ao menos recebeu o diagnóstico da doença nessa idade”, diz Sally Rogers, professora de psiquiatria e ciências comportamentais da Universidade da Califórnia em Davis e coordenadora do estudo.

O estudo, portanto, sugere que começar o tratamento de crianças com autismo de forma precoce diminui os problemas de desenvolvimento ao longo da infância. No entanto, como foi feito apenas com sete crianças, as descobertas precisam ser confirmadas por pesquisas maiores. Mesmo assim, a equipe considera que as conclusões foram importantes, pois mostraram uma redução significativa dos sintomas do transtorno nos primeiros anos de vida.

Seis fatores ambientais relacionados ao autismo

Uso de antidepressivos

O uso de antidepressivos durante a gravidez pode dobrar o risco do filho desenvolver autismo. Essa é a conclusão de um estudo realizado na Califórnia e publicado no periódico Archives of General Psychiatry em novembro de 2011, que envolveu 298 crianças com distúrbios do espectro do autismo (ASD, na sigla em inglês) e 1.507 crianças no grupo de controle. O uso de tais medicamentos foi relatado por 6,7% das mães de crianças autistas, contra 3,3% das mães no grupo de controle. Essa relação é considerada mais forte caso os medicamentos sejam utilizados no primeiro trimestre da gravidez.

Gripe ou febre persistente

Um estudo preliminar realizado com quase 96.736 crianças nascidas na Dinamarca entre 1997 e 2003, publicado em novembro de 2012 na revista americana Pediatrics, mostrou que a incidência de gripe ou febre prolongada durante a gravidez pode ser um fator de risco para o autismo.
De acordo com os pesquisadores, as crianças cujas mães tiveram gripe durante a gravidez tinham duas vezes mais chances de serem diagnosticadas com distúrbios do espectro do autismo (ASD) antes de completarem três anos de idade. No caso de febres com duração de uma semana ou mais, o risco pode ser até três vezes maior.

A motivação para a pesquisa surgiu de estudos em animais, que indicavam que a ativação do sistema imunológico da mãe durante a gravidez poderia afetar o desenvolvimento do cérebro da criança.

Obesidade, diabetes e pressão alta

Mães obesas têm chances maiores de ter filhos autistas. De acordo com um estudo publicado no periódico Pediatrics em abril de 2012, a obesidade materna aumenta em até 67% a chance da criança sofrer do distúrbio.
A pesquisa envolveu com 517 crianças com distúrbios do espectro do autismo (ASD, na sgila em inglês), 172 com distúrbios do desenvolvimento e 315 com desenvolvimento normal, nascidas na Califórnia entre janeiro de 2003 e junho de 2010, e mostrou que a incidência de diabetes, hipertensão e obesidade das mães era maior no grupo que apresentava a doença do que no grupo de controle.

Além disso, dentre as crianças com ASD, aquelas cujas mães tinham diabetes apresentavam dificuldades relacionadas à linguagem, em comparação com os filhos de mulheres não-diabéticas.

Vitamina D

Diversos estudos associam baixos níveis de vitamina D no sangue a doenças autoimunes. Um estudo publicado em agosto de 2012 no periódico Journal of Neuroinflammation aponta uma relação entre a falta dessa vitamina e o autismo
A pesquisa foi realizada com 50 crianças autistas, entre 5 e 12 anos, e 30 crianças com desenvolvimento normal. Entre as crianças com autismo, 88% delas tinham insuficiência ou deficiência (sendo a última a mais severa) de vitamina D. Ao mesmo tempo, 70% dos pacientes com a síndrome apresentaram níveis elevados do autoanticorpo denominado anti-MAG (glicoproteína associada à mielina). Autoanticorpos são células do sistema imunológico que atuam contra proteínas do próprio indivíduo que as produz, e por isso estão associados a doenças auto-imunes, como diabetes tipo 1 e lúpus sistêmico, por exemplo.

Os pesquisadores acreditam que a deficiência de vitamina D pode contribuir para a produção do autoanticorpo, mas a relação de tal vitamina com o autismo ainda não é clara.

Tabagismo

Fumar durante a gravidez está associado a distúrbios menos graves relacionados ao autismo, como a Síndrome de Asperger. Essa é a conclusão de um estudo realizado pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), nos EUA, que analisou dados de 633.989 crianças nascidas entre 1992 e 1998. Por outro lado, não foi identificada relação entre o fumo na gravidez e o autismo comum.

Poluição do ar

A poluição do ar é um fator ambiental que tem sido relacionado ao autismo por diversos estudos. Uma pesquisa de 2010, realizada na Califórnia, mostrou que crianças que viviam a menos de 300 metros de rodovias tinham o dobro de chance de desenvolver autismo do que aquelas que viviam mais longe.
Os mesmos pesquisadores publicaram um estudo em novembro de 2012, no periódico Archives of General Psychiatry, que aprofunda tais resultados. Participaram 279 crianças diagnosticadas com autismo e outras 245 que não apresentavam a doença. As mães informaram os endereços em que viveram durante a gestação e o primeiro ano da criança e os pesquisadores analisaram os níveis de poluição do ar em cada local. O resultado mostrou que as crianças que foram expostas aos maiores níveis de poluição causada por veículos tinham até três vezes mais chances de desenvolverem autismo.

Fonte: Veja


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Video game pode ajudar na alfabetização de pessoas com dislexia

Estudo prova que jogos de ação podem contribuir com melhorias cognitivas aos pacientes

Um novo estudo desenvolvido pela Universidade de Oxford, nos Estados Unidos, concluiu que jogos de videogame - especialmente os de ação - podem contribuir com melhorias cognitivas aos pacientes que apresentam sintomas de dislexia (desvio de atenção). O trabalho foi publicado hoje na revista científica "Current Biology".

Um grupo de participantes realizou testes nos quais eles eram obrigados a apertar um botão o mais rápido possível quando ouviam um som, viam um clarão, ou experimentaram as duas sensações ao mesmo tempo. A velocidade de ração de cada um foi registrada e analisada.

Os dados colhidos mostraram que as pessoas com dislexia eram particularmente lentas na mudança de sensação. Em outras palavras, eles mostraram "lenta mudanla de atenção", especialmente quando solicitados a alterarem a atenção de um flash de luz para um som.

Com os resultados em mãos, os pesquisadores propuseram uma abordagem única (não-verbal) para melhorar a leitura e a escrita desses pacientes por meio da utilização de video games de ação.

- Nossa proposta é estimular a mudança de atenção visual para auditiva por meio desses jogos, que permitem uma alteração constante do foco. Os games têm sido responsáveis por melhorar as habilidades multitarefa e também pode beneficiar a velocidade com que as pessoas com dislexia mudam o foco de um sentido para o outro. Isso precisa ser usado na alfabetização - concluiu a chefe da pesquisa Vanessa Harrar.

Fonte: Jornal da Ciência

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Maior parte do uso infantil de tecnologia não tem conteúdo educativo


As crianças atualmente passam muito mais tempo em frente à televisão, computador, celular e tablet do que as gerações anteriores. Muitas vezes esse hábito é incentivado pelos próprios pais, que veem um caráter educativo nesses aparelhos. No entanto, um estudo feito nos Estados Unidos mostra que é preciso cautela com o otimismo em torno dessas tecnologias.

A pesquisa mostrou que menos da metade do tempo (44%) em que crianças de 2 a 10 anos passam interagindo com esses aparelhos tem fins considerados pelos pais como educativos. Ou seja, das 2h07 diárias em que elas usam essas tecnologias, apenas 56 minutos envolvem conteúdos educativos. Na maioria das vezes, elas assistem a programas e usam aplicativos que pouco contribuem para o aprendizado, raciocínio e criatividade.


Além disso, conforme ficam mais velhas, essas crianças passam cada vez mais tempo em frente ao computador, celular, televisão e tablet, e se dedicam menos a conteúdos educativos. De acordo com o levantamento, crianças de 2 a 4 anos passam, em média, 1h37 em frente a esses aparelhos, sendo que 1h16 é dedicada a conteúdos educativos (78%). Já crianças de 8 a 10 anos passam mais de 2h30 por dia usando essas tecnologias, mas apenas 42 minutos para fins educativos (26%).

Apesar disso, mais da metade (57%) dos pais de crianças dessa faixa etária consideram que seus filhos aprendem “muito” sobre uma ou mais áreas do aprendizado, como leitura, vocabulário e matemática, com o uso dessas tecnologias.

O estudo, divulgado nesta sexta-feira, foi feito pelo Centro Joan Ganz Cooney, um instituto de pesquisa sem fins lucrativos sobre educação infantil. A pesquisa entrevistou 1 577 pais de crianças de 2 a 10 anos de idade.

Fonte: Veja Online

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Lei estabelece frequência escolar no ensino infantil


 

No ano, crianças poderão faltar a no máximo 40% do total das aulas

Pais de alunos do ensino infantil, de 4 a 5 anos, terão de estar atentos a frequência escolar de seus filhos. A mudança na lei nº 12.796, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em abril do ano passado e que passou a valer este ano prevê que cada criança tem de ter pelo menos 60% da presença mínima do total de horas. O ano letivo possui 800 horas anuais, distribuídas em no mínimo 200 dias de jornada integral. Dessa forma, as crianças poderão se ausentar da escola apenas 80 dias do ano. As escolas, particular ou municipal, deverão ter controle de frequência de cada aluno e enviar para a Secretaria de Educação

Um dos objetivos da lei é melhorar a participação das crianças no ensino infantil, período considerado de extrema importância para o desenvolvimento da criança. No Brasil, são pelo menos 5 milhões de crianças nessa faixa etária vão às escolas. Em Sorocaba, o número de crianças que frequentam a pré-escola na rede municipal é de 11.731, onde o registro da frequência é feito diariamente em caderneta. "Os supervisores de ensino acompanham a questão em todas as escolas em que são responsáveis, inclusive as particulares", informou a Prefeitura. Em situações extremas, os pais poderão pagar multa, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente. Porém, em Sorocaba não existe essa intenção para a educação pública.

A autônoma Rosana Barros, 27 anos, é mãe de um menino que tem quatro anos e frequenta o Centro de Educação Infantil Antonio Amabile (CEI-5), no bairro Barcelona. Para ela, a mudança da lei se tornou um estímulo para que os pais não permitam que seus filhos na escola. "Existem muitas crianças que faltam bastante, porque os pais não se importam com vida escolar de seus filhos. Isso faz com que muitas crianças que querem e precisam estudar fiquem sem vaga." Para ela, é nessa fase que a criança começa a se desenvolver. "Meu filho mais velho começou a aprender a ler e a escrever nessa fase."

Fonte: Cruzeiro do Sul

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A inclusão de crianças com deficiência na educação infantil

BASTOS, Andrei. A inclusão de crianças com deficiência na educação infantil. In: BASTOS, Andrei. O educador como propositor e executor da política de educação infantil. UNESCO, 2011.

Com o ano letivo para iniciar, Maria Clara achou que já era hora de começar a pensar nas atividades que desenvolveria com suas crianças. Mal havia sentado e foi atraída pela algazarra de um grupinho de meninos e meninas, na pracinha defronte de sua janela. “Que coincidência”, pensou, enquanto se lembrava da novidade desafiadora que a Esperava logo mais: pela primeira vez, teria em sua turma uma criança cega e outra com paralisia cerebral.

Do outro lado da rua, a criança com a venda nos olhos girava a cabeça para um lado e outro, seguindo os gritos dos companheiros, e tateava desordenadamente o espaço com os braços estabanados, tentando agarrar um deles. Foi o que bastou para que a professora se pusesse a imaginar como seria o dia a dia das pessoas que não enxergam. “Taí! Acho que será uma boa ideia promover uma troca de vivências entre as crianças, para que comecem a se integrar”.

Atenta à naturalidade do comportamento infantil diante das trapalhadas da “cabra-cega”, ela também concluiu que é muito mais fácil e efetivo incluir socialmente pessoas cegas, cadeirantes, surdas, usuárias de muletas, com síndrome de Down ou paralisia cerebral, na primeira infância. Isso porque, nessa fase da vida, ainda não se formaram os preconceitos, e não se construiu a discriminação.

Enquanto as crianças têm muita facilidade para aceitar o diferente, isso não acontece, mesmo hoje, com os adultos, seja na sociedade em geral, seja entre os educadores, visto que a maioria das pessoas tem uma herança cultural carregada de preconceitos. Buscando ser honesta consigo, MariaClara tinha consciência de que se incluía nesse grupo. E mais: para superar os seus preconceitos e conseguir enfrentar melhor o novo e duplo desafio de incluir as duas novas crianças em sua turma, ela precisaria esforçar-se para ficar mais bem informada e preparada.

*Busca de conhecimento*

Feliz com essa constatação, Maria Clara pôs-se a anotar ideias de jogos e brincadeiras que simulassem essas condições e pudessem promover a interação entre todas as crianças. Logo se deu conta de que a situação que julgara, de início, como um desafio também poderia ser um fator de enriquecimento da atividade pedagógica e das próprias existências dela e da garotada, é claro.

Quanto mais se quer ensinar, mais se precisa aprender, e Maria Clara decidiu conhecer a vida das pessoas com atributos comumente chamados de deficiências. Pessoas que vêm tornando-se mais visíveis na sociedade nos últimos tempos, graças às suas conquistas de emancipação social e política.

A professora ponderou: “Beethoven era surdo, Einstein tinha síndrome de Asperger, Stevie Wonder é cego, e o físico Stephen Hawking possui esclerose lateral amiotrófica. Os quatro eram, ou são, pessoas com deficiências e também verdadeiros gênios. Mas e as pessoas comuns, que não se distinguem por nenhuma genialidade? Como ficam? Foi refletindo sobre isso que ela chegou à conclusão de que uma maior Participação de pessoas com deficiências no processo social, e não apenas a de exceções brilhantes, como as que lembrara, é resultado de uma luta política iniciada há décadas, que já foi equiparada à luta por direitos do negro e da mulher.

A leitura do artigo do jornalista norte-americano deixou Maria Clara intrigada com a quantidade de nomes estrangeiros nessa história, e a professora foi atrás de informações sobre esse movimento político no Brasil. Qual não foi sua surpresa, ao descobrir que o patrimônio jurídico brasileiro relativo à inclusão social das pessoas com deficiência é considerado um dos melhores do mundo, em oposição à realidade que nos cerca.

A Emenda Constitucional nº 12, por exemplo, abriu um ciclo de avanços legais que evoluiu até a promulgação da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: enquanto a primeira reconheceu, em 1978, a existência civil das pessoas com deficiência, a internalização da Convenção ofereceu a última palavra em torno das conquistas e dos entendimentos das questões pertinentes e encerrou seus trâmites legais em 25 de agosto de 2009, com o Decreto nº 6.949 da Presidência da República.

No que diz respeito às crianças com deficiência, a Convenção da ONU, em seu artigo 7º, diz:

1. Os Estados-parte tomarão todas as medidas necessárias para assegurar às crianças com deficiência o pleno exercício de todos os direitos humanos e as liberdades fundamentais, em igualdade de oportunidades com as demais crianças.

2. Em todas as ações relativas às crianças com deficiência, o superior interesse da criança receberá consideração primordial.

3. Os Estados-parte assegurarão que as crianças com deficiência tenham o direito de expressar livremente sua opinião sobre todos os assuntos que lhes disserem respeito, tenham a sua opinião devidamente valorizada de acordo com sua idade e maturidade, em igualdade de oportunidades com as demais crianças, e recebam atendimento adequado à sua deficiência e idade, para que possam exercer tal direito.

Após essa e outras leituras, Maria Clara convenceu-se de que a legislação é ampla e minuciosa. Mas isso não basta! Na realidade, falta muito a ser feito, desde a melhoria de acesso aos transportes públicos, aos prédios, às calçadas, às ruas e aos meios de comunicação até um maior investimento na formação dos educadores, para que sejam capazes de implementar uma verdadeira educação inclusiva.

Definitivamente, a teoria ainda está distante da realidade, e nossa professora começou a perceber, realmente, o tamanho e a importância da tarefa que teria pela frente. Isso porque ela decidiu que gostaria de fazer mais pelas pessoas com deficiência do que apenas dedicar-se correta e conscientemente às suas duas novas crianças. “Posso buscar contato e colaborar com as pessoas com deficiência que lutam para transformar a sociedade e serem nela reconhecidas”.

“Nada sobre nós sem nós”, dizem as pessoas com deficiência que lutam por seu reconhecimento social. Elas querem deixar claro que a vontade política que falta, que é fundamental para dar efetividade às leis, só existirá com a participação delas nas ações do Estado que lhes digam respeito.

*Navegando na internet*

Muito do que leu e conheceu até aqui, a professora encontrou na internet, o que é compreensível. Além de a rede mundial de computadores oferecer um grande leque de informações, os seus recursos tecnológicos servem muito bem à superação das restrições sensoriais, físicas ou intelectuais de pessoas cegas, surdas, tetraplégicas, paralisadas cerebrais ou com síndrome de Down, entre outras deficiências.

Foi na página do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na internet, por exemplo, que ela ficou conhecendo os números relativos ao segmento e se espantou com o fato de que 14,5% da nossa população tem algum tipo de deficiência, o que, no Censo 2000, somava 25 milhões de brasileiros, aproximadamente. Ora, se considerarmos que, pelo menos, mais uma pessoa estaria diretamente ligada a cada um desses brasileiros, já seriam 50 milhões de envolvidos na questão, quando a população era de 170 milhões. Como em 2010 o país já superava os 190 milhões de habitantes, esse número já deve ser bem maior.

Além da página do IBGE, Maria Clara deu-se conta de que existem muitas outras. Elas trazem de reivindicações desse segmento a dados sobre a legislação e ações do governo e da sociedade civil voltadas a eles, além de notícias sobre os recursos tecnológicos e as orientações para capacitação dos profissionais que trabalham com essas pessoas.

“Mas onde estão as pessoas com deficiência, cadê essa gente toda?”, questionava-se a professora, enquanto pesquisava e se surpreendia. “Se os números são tão grandes, por que entraram apenas duas crianças com deficiência na escola? E por que vemos tão poucas pessoas com deficiência nas ruas das cidades e menos ainda nos bairros e nas regiões mais pobres?”

*Viajando pelo interior do país*

As respostas a essas perguntas são facilmente encontradas. O difícil, certamente, é aceitá-las. Acontece que a questão da deficiência é bastante relacionada à pobreza, e entre as populações menos favorecidas está o maior contingente de adultos e crianças com deficiência. Tanto é assim, que o texto da Convenção da ONU reflete esta realidade e procura influir para melhorar as condições de vida dessas parcelas da população mundial.

Nos centros urbanos desenvolvidos, são poucas as crianças e os adultos com deficiência que exercem o direito fundamental de ir e vir, por conta da falta de acessibilidade nos transportes, nos prédios e nas ruas. E essa reclusão é ainda maior nos rincões esquecidos do país. Se, mesmo nas cidades que possuem um número maior de pessoas instruídas e esclarecidas, o preconceito e a discriminação são barreiras gigantescas a serem superadas, como pensarão os habitantes de vilarejos com ruas de terra e sem escolas?

Nessas localidades, em especial, a maioria dos adultos e crianças com deficiência vive escondida e aprisionada em quartinhos dos fundos. Isso, quando não é deixada nas ruas ou esquecida em abrigos que são, na verdade, depósitos de gente. Abrigos que, normalmente, misturam deficiências com doenças e não têm condições mínimas de estimular o desenvolvimento deualquer criança com deficiência, por menor que seja seu comprometimento motor ou intelectual.

Para mudar esse quadro de abandono e equívocos, é preciso haver decisão e vontade de todos, especialmente dos educadores que se dedicam à educação inclusiva em diferentes instituições escolares. E a informação, reconhece nossa professora, é o primeiro passo para orientar e fortalecer o engajamento do conjunto da sociedade.

*Pessoas com deficiência*

Entre as muitas informações colhidas por Maria Clara, destaca-se a que diz respeito às mudanças na nomenclatura adotada pelo segmento que, obviamente, refletem entendimentos e conceituações que vamos acumulando ao longo do tempo. Foi assim que a antiga expressão “portadores de necessidades especiais” deu lugar à atual “pessoas com deficiência”. A importância de usarmos a palavra correta é clara. Afinal, da mesma forma que as leis refletem a conquista de direitos, as palavras transmitem percepções e discernimento.

A primeira expressão a cair em desuso foi “necessidades especiais”, pois entendeu-se que ninguém seria “especial” por ter uma deficiência que, na verdade, seria um atributo, como ser alto, baixo, magro ou gordo. Assim, quaisquer necessidades seriam específicas a cada deficiência. Além disso, como pode um ser humano “portar” uma necessidade? Essa expressão também deixou de ser usada, vigorando, atualmente, as expressões “pessoas com deficiência” e “crianças com deficiência”.

Aparentemente pouco importante, toda essa discussão tem grande valia no processo de conscientização da sociedade e na eliminação das barreiras de preconceito e discriminação.

No fundo, se considerarmos que cada ser humano tem um potencial próprio de realização, a deficiência deixa de existir, pois é um conceito relativo e discriminatório. O correto seria dizermos que a pessoa, adulto ou criança, é cega, surda, amputada, entre outros, tendo o direito de realizar plenamente seu potencial

Vamos chegar lá! Enquanto isso não acontece, Maria Clara conclui que precisa aprender mais para poder oferecer à criança cega e à criança com paralisia cerebral o mesmo que oferece às demais. Um primeiro passo é avançar no conhecimento das características de cada uma e saber que elas estão entre os agrupamentos de deficiências sensoriais (cegueira, surdez), físicas (cadeirantes e usuários de muletas) e intelectuais (síndrome de Down, paralisia cerebral). A partir daí, é possível identificar suas necessidades específicas e abrir caminho para a aplicação de todos os recursos pedagógicos disponíveis.

*Educação inclusiva*

Embora toda a educação deva ser inclusiva, existem muitas divergências em torno de como deve ser a aplicação da chamada educação inclusiva. Essa concepção educacional começou a ser aplicada, nos Estados Unidos (EUA), com a implementação de uma lei de 1975 e foi consolidada na Declaração de Salamanca, em 1994. No entanto, ainda hoje, nas primeiras décadas do século XXI, muita gente continua acreditando que somente nas instituições exclusivas as crianças com deficiência podem se desenvolver. Contudo, há também quem defenda a ideia de que as crianças devem ser colocadas todas juntas na mesma sala de aula de ensino regular. Enquanto alguns acreditam

que as crianças com deficiência precisam ter disponíveis apenas os acessórios específicos às suas necessidades, como material em braille ou mobiliário acessível a cadeirantes, sem a necessidade de nenhum outro atendimento didático extra, outros nesse grupo consideram necessário um suporte adicional, também específico a cada característica apresentada, para que ocorram, de fato, a inclusão e a igualdade de oportunidades.

Para esses últimos, se uma criança com paralisia cerebral, por exemplo, é lenta na escrita, devido a sequelas nos membros superiores, mas tem capacidade intelectual preservada, seja em que percentual for, ela deve frequentar as salas de aula de ensino regular. Além disso, precisa receber atendimento adicional por meio de fisioterapia, recursos tecnológicos ou outro fator de estímulo que a ajude a se desenvolver na escrita. O mesmo acontecendo com crianças cegas, surdas, com síndrome de Down etc., em todas as situações específicas a cada uma. Tal atendimento extra, defende ainda esse grupo, deve-se dar em salas devidamente equipadas e no contraturno.

Assim, uma mesma escola deveria oferecer a educação inclusiva – compreendida no sentido mais amplo da diversidade humana e da democracia – e a chamada educação especial, que sempre foi entendida como um sistema educacional separado do regular, exclusivo para crianças com deficiência.

Diante de opiniões e propostas tão diversas, Maria Clara recorreu novamente à internet, mais especificamente ao site do Ministério da Educação (MEC). Foi um mergulho e tanto, mas valeu a pena! Com base nessas pesquisas, ela chegou à conclusão de que todas as crianças devem receber atendimento equivalente e que lhes possibilite igualdade de oportunidades. Esse deve ser o único objetivo dos educadores democráticos e conscientes da diversidade humana, pois a educação exclusiva, em vez de possibilitar avanços, pode ter efeito contrário, criando guetos onde se pensava haver soluções.

“As pessoas com deficiência são parte integrante desse nosso mundo tão diverso. Assim, tanto faz uma criança ser branca, negra, japonesa, brasileira, gorda, magra, com deficiência ou não. Todas são iguais perante as leis do coração, da razão e, muito especialmente, perante as leis do direito à educação.”

Partindo dessa compreensão, nossa professora começa a pensar sobre quais políticas públicas ou ações de grupos organizados da sociedade civil poderão efetivamente despertar o conjunto da população: “Precisamos encontrar maneiras de sensibilizar mais e mais pessoas para a responsabilidade que temos na inclusão plena da diversidade humana, em especial das pessoas com deficiência, começando já na educação infantil”.

Lembrando-se, novamente, da brincadeira de cabra-cega, ela põe-se a imaginar campanhas de sensibilização que divulguem o potencial existencial e de realização das diferentes deficiências, que possam mobilizar a todos em torno do slogan: “ponha-se no meu lugar e veja como você também é capaz”.

Fonte: Unicamp

sábado, 1 de fevereiro de 2014

UNESCO aponta 4 estratégias para formar professores melhores

Segundo a UNESCO, professores mais bem formados são capazes de reverter a crise na educação. Confira quais são as estratégias propostas para mudar a formação dos profissionais


Atualmente, cerca de 250 milhões de crianças não sabem sequer o básico de matemática e literatura. É o que aponta a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) por meio do 11° Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, divulgado nesta quarta-feira (29).

De acordo com relatório, a crise na educação mundial foi gerada devido à desatenção dos governos quanto à qualidade da educação ministrada e a ausência de métodos de inclusão de estudantes de áreas periféricas.

Para a UNESCO, a solução está na melhoria na formação dos professores. A organização apontou 4 estratégias que poderiam ser adotadas para que os governos consigam formar melhores professores. São elas:

Oferecer um bom treinamento O treinamento dos professores deve ser feito de modo a formar profissionais com bons conhecimentos e capacitados para educar em diversas situações. Os professores devem estar aptos a morar em áreas remotas e a lidar com crianças de baixa renda, sabendo comunicar-se da melhor forma com diferentes perfis de alunos.

Treinar professores continuamente O treinamento não deve ocorrer apenas antes de eles assumirem seus cargos, mas também durante suas carreiras. Assim, eles serão capazes de colocar seus conhecimentos teóricos em prática e conseguirão adaptar seu modo de dar aula de acordo com a situação. Os professores devem estar preparados para ensinar mesmo se deparando com cenários e necessidades adversas.

Oferecer benefícios aos professores que forem ensinar em áreas remotas Áreas rurais e subúrbios costumam ter alunos de baixo rendimento. Uma das causas dessa situação é a ausência de profissionais qualificados nessas regiões. Por isso, é essencial que o governo ofereça planos de incentivo, tais como bônus salariais e moradia, para que professores se interessem em lecionar em áreas remotas.

Melhorar as condições de trabalho Baixa remuneração, más condições de trabalho e a ausência de um bom plano de carreira são fatores que têm feito com que a profissão do professor pareça cada vez menos atraente. Cabe ao governo de cada país criar programas e planos para que lecionar volte a ser algo interessante, caso contrário será cada vez mais difícil encontrar bons professores.

Fonte: Universia Brasil

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A Inclusão da Criança Deficiente na Escola de Educação Infantil

Sandra H. Pio da Silva – Psicopedagoga Clínica e Coordenadora Pedagógica em Escola de Educação Infantil

Por inclusão podemos entender o processo que leva as crianças com deficiência a participar da vida escolar com aceitação e integração ao meio, sendo respeitadas suas diferenças e estimuladas suas capacidades. Para isto a escola e a família deverão se ajustar e juntas decidirem qual a melhor estratégia para cada caso. Todos os profissionais envolvidos deverão estar capacitados para receber a criança e possibilitar que o ingresso e a permanência na escola sejam momentos de real aprendizagem e desenvolvimento.

A inclusão causa uma mudança na perspectiva dos educadores e professores, pois possibilita reconhecer a criança com deficiência como um ser importante para o grupo e não como um sujeito incapaz de aprender, produzir e tornar-se independente dentro de suas possibilidades.

Os educadores devem avaliar as potencialidades específicas daquela criança e respeitar o ritmo próprio devendo considerar que todas são capazes e todas enfrentarão dificuldades dentro de suas peculiaridades, independente de ser portador de uma deficiência, síndrome ou qualquer dificuldade.

Quando a inclusão da criança é feita adequadamente pela família e escola, seus coleguinhas estarão preparados para conviver com a diferença.

Cabe ao educador, ao professor, oportunizar situações tratando a criança da maneira mais natural possível, respeitando e ensinando sem expor, nem exigir que ela cumpra atividades que não esteja ainda capacitada, mas sim estimulando que realize o que é capaz e a partir destas conquistas estimular sempre mais. Deve ser este, o trabalho do professor com todos na sala de aula, e essa atitude proporciona à criança inclusiva e a seus colegas uma normalidade no contexto escolar, todos aprendem que cada um tem seu ritmo. Nem todos são bons em tudo e nem todos não são, tão bons em tudo.

Toda criança tem o desejo e o direito de ter oportunidades iguais na escola para que possa viver com dignidade. Cabe ao adulto estar atento às necessidades da criança, fortalecendo seu desenvolvimento e atendendo suas dificuldades com o objetivo de oportunizar aprendizagem e autonomia.

Não é possível simplesmente receber uma criança com deficiência e exigir que ela acompanhe o ritmo de seus colegas na sala de aula, sem um preparo adequado de todos na escola: professores, técnicos, funcionários e colegas.

Dois critérios devem ser respeitados:

- As crianças com deficiência devem participar das atividades do grupo tendo respeitadas suas limitações;

- A escola deve se adaptar e tornar-se acessível em termos de estrutura física e também de formação e atualização do corpo docente e funcionários em geral.

Nem todas as escolas estão preparadas para a Inclusão; receber a criança e não oferecer o tratamento necessário, não colabora para o desenvolvimento, nem torna esta escola inclusiva. Todos deverão se preparar, instruir, conhecer as necessidades, respeitar e oportunizar situações que integrem a criança no contexto escolar.

Muitas barreiras as crianças com deficiência terão de enfrentar na vida como todos nós. O primeiro contato com o mundo, fora do âmbito familiar, provavelmente será a escola, portanto precisamos preparar e capacitar os profissionais da Educação Infantil para que esse ingresso seja o mais prazeroso possível e que a criança aprenda a reconhecer suas potencialidades apesar das limitações e busque sempre mais, para tornar-se um ser com autonomia e ter uma melhor qualidade de vida ao ingressar no Ensino Regular com boa autoestima, adaptada ao meio e feliz. 

Sandra H. Pio da Silva – Psicopedagoga Clínica e Coordenadora Pedagógica em Escola de Educação Infantil

iPad facilita aprendizado de Ciências, diz estudo


Pesquisadores analisaram os ganhos na aprendizagem de 152 estudantes do ensino médio

No momento em que educadores veem questionando cada vez mais se os tablets devem desempenhar um papel mais importante na educação, uma pesquisa recente traz resultados positivos sobre o uso desses equipamentos a favor da aprendizagem. Desenvolvido por pesquisadores norte-americanos do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, o estudo mostra que o uso de iPads e outros tipos de tablets favorecem o aprendizado de ciências de estudantes do ensino médio. Isso porque, segundo os autores da pesquisa, os tablets representam plataformas "perfeitas" para fazer simulações em 3D. Dessa forma, compreender assuntos como a lógica de funcionamento da escala do sistema solar se torna algo mais fácil de ser apropriado pelo aluno que utiliza essa ferramenta.

A própria habilidade dos estudantes na manipulação dos tablets é outro ponto que favorece ainda mais a imersão do aluno no assunto que é apresentado em formato de animação. "Esses dispositivos oferecem aos estudantes oportunidades de fazerem coisas que seriam impossíveis de serem feitas se o assunto fosse repassado em ambientes como a sala de aula tradicional", afirma o líder da pesquisa, Matthew Schneps do Harvard College Observatory, instituição que junto com The Smithsonian Astrophysical Observatory formam o centro de astrofísica, local de desenvolvimento da pesquisa.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram os ganhos na aprendizagem de 152 estudantes do ensino médio que usaram iPads para explorar o espaço simulado em 3D. Os dados obtidos foram comparados com os de 1.184 alunos que utilizaram abordagens mais tradicionais, com a explicação sobre o mesmo assunto sendo realizada em sala de aula. Muitas das questões que foram feitas entre esses dois grupos se referiam a percepção e a maneira como cada um dos estudantes compreendia a dimensão e escala espaciais. "O que é talvez o mais notável é que vimos ganhos de aprendizagem significativas entre os alunos que utilizaram as simulações, em situações em que pouco ou nenhum ganho foi observado nas salas de aula tradicionais", afirmou Mary Dussault , outro membro da equipe de pesquisa.

Ciente que as escolas e universidades ainda dão os primeiros passos na adoção de práticas pedagógicas capazes de usar as funcionalidades inovadoras dos tablets, o estudo é produzido na ocasião em que escolas públicas dos EUA veem adotando cada vez mais essa ferramenta em seus currículos. O próprio grupo é composto por estudantes de escolas com a de Bedford High School, em Massachusetts, que tomou a decisão de equipar todos os alunos com dispositivos da Apple. "Desde que comecei a usar iPads na nossa escola temos visto ganhos substanciais na aprendizagem , especialmente em disciplinas como matemática e ciências", afirma Henry Turner, diretor da escola.

Assim, para a universidade, a pesquisa acaba por oferecer, uma evidência experimental favorável sobre o uso dessas novas tecnologias na educação. "O aprendizado tipo 'mão-na-massa' com o auxílio de simulações de computador de alta precisão levam a uma melhor compreensão do assunto analisado", afirma o coautor do estudo Philip Sadler.

No entanto, mesmo com esses resultados positivos, por outro lado, educadores alertam que a tecnologia sozinha não é a resposta para um bom aprendizado. Eles chegam a lembrar que dispositivos como os tablets precisam estar integrados a um planejamento pedagógico cuidadoso para que o seu uso seja cada vez mais otimizado de forma a trazer benefícios para os alunos.

Fonte: Portal Porvir com informações da Harvard Gazette

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O futuro da educação brasileira

Por: Isaac Roitman*

Avaliações nacionais e internacionais denunciam uma crise de qualidade na educação brasileira. A educação deve preparar os jovens para o mundo do trabalho e da convivência social com ética e solidariedade. No Brasil, todos os governos proclamam que a educação é uma meta prioritária. Ela é utilizada na plataforma eleitoral de todos os partidos. As promessas não são cumpridas pelos que assumem o poder.

Em 1932, foi lançado por 26 intelectuais o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. O documento contém um diagnóstico preciso e propõe ações necessárias para uma revolução educacional. Nada aconteceu. Em 1959, uma nova versão do Manifesto foi subscrita por 161 intelectuais. Nada aconteceu.

O primeiro Plano Nacional de Educação (PNE) foi pensado em 1962. Após 26 anos (1988), ele foi aprovado pelo Congresso. Essa lentidão lembra a velocidade das tartarugas. O primeiro PNE foi implantado em 2001. Continha um conjunto de metas e estratégias para um período de dez anos. A maioria das metas não foi cumprida.

O segundo PNE (2011-2020) ainda está em tramitação no Congresso, o que lembra novamente a imagem das tartarugas. Esse novo plano corre o risco de, como o primeiro, ser uma bela lista de intenções. Para evitar essa nova tragédia, é fundamental que toda sociedade se mobilize para serem implantadas ações prioritárias para a conquista da qualidade na educação brasileira.

Uma delas se refere à formação de um “novo Professor” para o ensino básico. Ele deverá ter uma formação inicial e continuada e ser capaz de utilizar as modernas técnicas de informação e comunicação. Sua missão deverá ser a de um facilitador da liberdade de aprendizagem para construir um verdadeiro cidadão. O Professor deve ter uma carreira baseada no mérito, ter condições de trabalho adequadas e ter remuneração compatível com a missão social que exerce.

Em um horizonte de 15 anos, o seu salário deverá estar na faixa superior do servidor público. Um caminho virtuoso seria a federalização do ensino básico que permitiria a criação de uma carreira nacional de professores. Os conteúdos inúteis em todos os níveis de ensino devem ser substituídos por exercícios que estimulem o pensar, a criatividade, a crítica argumentada e a resolução dos problemas. A arquitetura escolar deverá ser lúdica e prazerosa, especialmente na primeira infância e na educação infantil. As condições de trabalho deverão ter atualização permanente, tanto no ensino presencial como a distância. Uma gestão profissional e eficiente e a integração com a família são também elementos fundamentais para o sucesso da educação.

Ou iniciamos agora uma verdadeira revolução na educação, ou estaremos a lamentar nas próximas décadas ter perdido mais uma oportunidade de sermos protagonistas da transformação social que nosso povo merece. Elevar a nossa educação a altos padrões de qualidade não é só um requisito para a modernização do país e a melhoria das condições de vida dos brasileiros. É um requisito também para a inclusão demandada por uma sociedade desigual. O ensino de qualidade, especialmente no nível fundamental, que é o nível que mais afeta a cidadania, deve ser visto como um compromisso de todos.

Temos que decidir agora qual país legaremos aos nossos descendentes. Se nada fizermos, seremos, no futuro, uma sociedade com graves injustiças sociais, com índices assustadores de violência, com total desrespeito ao próximo e outras mazelas amplificadas que temos no presente. Certamente, seremos um país colonizado e explorado. O futuro da educação está em nossas mãos.

*É professor emérito da Universidade de Brasília, coordenador do Núcleo de Estudos do Futuro e presidente do Comitê Editorial da Revista Darcy/UnB.

Fonte: UnB

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Maior parte do uso infantil de tecnologia não tem conteúdo educativo

Estudo mostra que mais de metade do tempo em que crianças passam em frente à televisão, computador e celular contribui pouco para o aprendizado


As crianças atualmente passam muito mais tempo em frente à televisão, computador, celular e tablet do que as gerações anteriores. Muitas vezes esse hábito é incentivado pelos próprios pais, que veem um caráter educativo nesses aparelhos. No entanto, um estudo feito nos Estados Unidos mostra que é preciso cautela com o otimismo em torno dessas tecnologias.

A pesquisa mostrou que menos da metade do tempo (44%) em que crianças de 2 a 10 anos passam interagindo com esses aparelhos tem fins considerados pelos pais como educativos. Ou seja, das 2h07 diárias em que elas usam essas tecnologias, apenas 56 minutos envolvem conteúdos educativos. Na maioria das vezes, elas assistem a programas e usam aplicativos que pouco contribuem para o aprendizado, raciocínio e criatividade.

Além disso, conforme ficam mais velhas, essas crianças passam cada vez mais tempo em frente ao computador, celular, televisão e tablet, e se dedicam menos a conteúdos educativos. De acordo com o levantamento, crianças de 2 a 4 anos passam, em média, 1h37 em frente a esses aparelhos, sendo que 1h16 é dedicada a conteúdos educativos (78%). Já crianças de 8 a 10 anos passam mais de 2h30 por dia usando essas tecnologias, mas apenas 42 minutos para fins educativos (26%).

Apesar disso, mais da metade (57%) dos pais de crianças dessa faixa etária consideram que seus filhos aprendem “muito” sobre uma ou mais áreas do aprendizado, como leitura, vocabulário e matemática, com o uso dessas tecnologias.

O estudo, divulgado nesta sexta-feira, foi feito pelo Centro Joan Ganz Cooney, um instituto de pesquisa sem fins lucrativos sobre educação infantil. A pesquisa entrevistou 1 577 pais de crianças de 2 a 10 anos de idade.

Fonte: Veja

domingo, 26 de janeiro de 2014

Colégio atua com base conceitual da educação europeia

Uma escola brasileira com visão de mundo. Assim é o Colégio Marie Jost, fundado em 2005 em Natal pelo empresário Werner Jost. A proposta da instituição que tem como base conceitos da educação europeia, é levar ao desenvolvimento integral do aluno, tanto psicossocial quanto cognitivo e motor, priorizando o ensino bilíngüe desde a educação infantil e o tempo integral.

Pesquisas científicas norte-americanas indicam que o bilinguismo estimula a flexibilidade do pensamento e desenvolve nas crianças uma capacidade maior de prolongar a aprendizagem linguística.

No colégio, as crianças aprendem o inglês e o português já a partir dos quatro anos de idade e seguem com aulas das duas línguas até o ensino médio.

O processo começou em 2010, quando o Colégio Marie Jost deu início à educação infantil bilíngue para crianças de 4 e 5 anos de idade, oferecendo aulas ministradas em Português e em Inglês. Logo em seguida, iniciou um programa de imersão em Inglês para alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. Para isso, além das aulas de Inglês, diversas disciplinas (das áreas de Matemática, Ciências e Música) passaram a ser trabalhadas, também, no mesmo idioma.

Já o ensino de Inglês do 6º ano até o ensino médio é diferenciado. São cinco aulas semanais, sendo estas divididas em níveis. Os alunos são preparados para os exames da Universidade de Cambridge (Inglaterra), que representam um parâmetro de conhecimento em nível mundial.

O tempo integral é outro diferencial da escola. No Marie Jost os alunos iniciam as aulas às 7h30 e permanecem envolvidos com atividades escolares até às 16h. O almoço é oferecido pela instituição e realizado em um refeitório coletivo. Aulas regulares, tanto das áreas expressivas, como Artes (teatro, música e dança), quanto das áreas de conhecimento, como Português e Matemática, Inglês e Francês, preenchem todo o período.

Durante esse tempo que o aluno permanece na escola, permite que ele organize seu tempo e dedique parte dele à reflexão, ao estudo, à pesquisa, às aulas práticas, e que não fique limitado apenas nos conteúdos trabalhados em sala de aula.

O início do ano letivo acontece na próxima segunda-feira (27), mas o Marie Jost ainda recebe alunos que queiram se matricular na instituição. Para aqueles que ainda não estudam no colégio, após a realização da matrícula, o estudante passa por um teste de seleção simples, que inclui provas de português, matemática e inglês.

O ambiente escolar é composto de no máximo 26 alunos por turma, o que, segundo a filosofia da escola, permite uma absorção melhor do conteúdo repassado em sala de aula. São 36 professores, além dos tutores, que fazem o acompanhamento da relação aluno-pai-escola de perto. Encontros periódicos são realizados entre família e comunidade escolar para que os pais possam acompanhar o mais próximo possível a educação de seus filhos.

Fonte: Trinuna do Norte

MEC reajusta apoio financeiro por aluno da educação infantil

O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta quinta-feira os valores que serão repassados em 2014 para manutenção de unidades públicas de educação infantil que ficaram fora do censo escolar. Por conta disso, essas unidades ainda não podem, legalmente, receber os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Os valores estão definidos na portaria publicada no Diário Oficial da União. O valor anual a ser repassado a municípios e ao Distrito Federal passa a ser de R$ 2.629,27 por aluno de creche pública em período integral; R$ 1.618,01 por aluno de creche pública em período parcial; R$ 2.629,27 por aluno de pré-escola pública em período integral e R$ 2.022,51 por aluno de pré-escola pública em período parcial.

Antes de abril de 2013, até que fossem incluídas no censo, as escolas tinham de usar recursos próprios para manutenção de novas turmas. A iniciativa é consequência do lançamento do Programa Brasil Carinhoso, que integra o Plano Brasil sem Miséria, com meta de beneficiar 2 milhões de famílias com crianças até 6 anos.

Segundo o MEC, com o repasse, os municípios e o Distrito Federal terão condições de iniciar as atividades com recursos recebidos diretamente do governo federal para pagar salários e atender a outras despesas, até que passem a ser contemplados pelo Fundeb.

Fonte: Terra